Você Não Controla o Resultado — Mas Pode Controlar o Jogo


Há algo que aprendi com o tempo, entre treinos, derrotas e vitórias que custaram caro: ninguém controla o resultado de uma partida.

Podemos estudar o adversário, planejar cada detalhe, ajustar o modelo e a estratégia… mas, no fim, o placar — esse velho traidor — nunca estará sob o nosso domínio total.

Já vivi jogos em que fizemos tudo certo. Mantivemos a posse, controlamos os espaços, criamos chances claras e aplicamos nossos princípios com excelência. Mesmo assim, o resultado não veio. O empate doeu. Mas a sensação foi outra: dominamos o jogoE isso, para mim, é mais importante do que qualquer número no placar.

1. Controlar o jogo é dominar o processo

Controlar o jogo vai muito além de ter a bola. É sobre impor a identidade da equipe, o ritmo da partida e o comportamento coletivo.

É ver o time jogar com convicção: atacar com inteligência, defender com agressividade e reagir rápido após a perda.

É quando cada atleta entende que está dentro de um sistema vivo, onde os conceitos se conectam — o terceiro homem, o ocupa/desocupa, o posicionamento corporal, o poder de atração da bola, tudo fluindo com naturalidade e intenção.

É nesse momento que o treinador percebe: meu time está pensando o jogo.

E quando isso acontece, o placar se torna apenas uma consequência.

Como costumo dizer — e repito aqui com convicção:

“Não controlamos o resultado, mas controlamos tudo o que o antecede.
E é nesse domínio do processo que o resultado é construído.”

2. Controlar o resultado é tentar dominar o incontrolável

Tentar controlar o resultado é viver refém do acaso.

Quantas vezes uma bola desviada, uma decisão da arbitragem ou um erro simples muda toda a história?

Quando o foco está só no placar, o time joga com medo de perder — e não com coragem para vencer.

Treinadores como Pep Guardiola, Marquinhos Xavier e Jorge Jesus já disseram, em diferentes contextos, algo que levo como princípio:

“O resultado é um reflexo do que você controla — a forma de jogar.”

Essa frase resume o que acredito: o treinador moderno não treina o placar, treina comportamentos.

E quando o comportamento é consistente, o resultado vem por consequência natural.

3. O treinador moderno entende essa fronteira invisível

Quando parei de buscar o controle do placar e passei a buscar o controle do processo, meu olhar mudou.

Hoje, após um treino ou jogo, pergunto a mim mesmo:

  • Meu time manteve os princípios mesmo sob pressão?
  • Tivemos coragem para jogar da nossa maneira?
  • O grupo se manteve fiel ao modelo, mesmo diante da adversidade?

Essas respostas dizem mais do que o resultado.

Porque quem controla o jogo, constrói o resultado.

Mas quem tenta controlar o resultado, perde o jogo antes mesmo de começar.

Conclusão

O futsal é imprevisível.

E é exatamente por isso que é tão bonito.

Mas dentro dessa imprevisibilidade, existe um espaço que pertence a nós, treinadores: o processo.

Controlar o jogo é controlar as ideias, os comportamentos, os valores e o estilo da equipe.
O resto é detalhe — às vezes justo, às vezes cruel, mas sempre passageiro.

Por isso, quando me perguntam se o importante é ganhar, eu respondo sorrindo:

“Sim, mas primeiro eu quero jogar do meu jeito.”

Porque é jogando do nosso jeito que as vitórias se tornam consequência e o resultado deixa de ser um acaso.

✍️ Coach Edhuardo | Treinador de Futsal

Academia Craques do Futuro

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